Num país como o Brasil, com a segunda maior concentração de renda no mundo, é preciso analisar com lupa o que significa diversidade

Quando falamos do universo feminino, por exemplo, o PNUD apresentou um estudo que mostra que, embora as mulheres tenham maior média de anos de estudos (8,1 contra 7,6 dos homens), ainda têm uma renda 41,5% menor.

Um dos índices que o PNUD usa para avaliar a situação das mulheres é o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero). O empoderamento, por exemplo, é medido pela quantidade de mulheres no Parlamento, e nesse quesito o Brasil (com 15%) está abaixo da Nigéria (com 17%).

Há motivos para comemorar, é verdade. Ações afirmativas são cada vez mais presentes na sociedade brasileira, mesmo que alguns insistam que definições de gênero devem ser reduzidas a uma questão binária – masculino/feminino.

Ainda que os números tenham melhorado e parte da sociedade enxergue a mulher como ser uno, de direitos e deveres, a verdade é que ainda há um longo caminho a ser percorrido, e aqui vou falar somente do que acontece nas empresas.

A questão não respondida é: por que as mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens de ascenderem na carreira? E o que isso diz de nós, como sociedade democrática capitalista?

EMPRESAS JÁ TÊM PORTAS ABERTAS PARA AS MULHERES, AGORA PRECISAMOS DE ESPAÇO NOS CARGOS MAIS ALTOS

As mulheres entraram no mercado de trabalho com toda força. Basta olhar nas empresas para verificar que não há mais profissão sem a presença da mulher: de médica a torneira mecânica, estamos em todo tipo de função. Mas não estamos em todo tipo de cargo. Quando a carreira avança, a mulher fica pra trás. Pode olhar ao redor! Nos cargos menos qualificados, os chamados ‘cargos de entrada’, homens e mulheres estão em pé de igualdade, mas à medida que as promoções acontecem, a mulher vai sendo deixada de lado.

A questão de participação feminina no mercado de trabalho não passa mais, portanto, pela porta de entrada. O problema está mesmo é na escada, e é ali que ele deve ser observado.

Não é por falta de qualificação, os números que tratam de anos de estudo (estão lá no primeiro parágrafo) demonstram. E a mulher bem sabe que não basta ser capacitada para a função, ela precisa ter um desempenho muito superior aos seus pares para ser considerada eficiente.

Há toda uma construção secular a ser desconstruída para que a mulher ocupe o espaço que é seu de direito.

Como falar de inovação, enquanto numa reunião de conselho estão sentadas as mesmas pessoas: homens brancos de terno! Onde está o novo nessa conformação?

Não espere que a resposta venha das mulheres, ela deve vir da sociedade. Que se unam as principais líderes do mercado, as universidades mais relevantes e discutam a questão da diversidade com honestidade, transparência e objetividade.

(Texto publicado originalmente na revista IT Forum: https://itforum.com.br/coluna/diversidade-na-escada/